top of page

Safia multimídia

Embora seja eminentemente poeta do barro, Safia é também excelente pintora, faz versos, cria e conta oralmente histórias interessantes, inventa roteiro de filmes, recita e performatiza algumas de suas poesias, compõe canções, toca pianola, pinta e borda.

Abaixo, alguns poemas de Safia, dando destaque ao poema “Nasci nos Pireneus” e a canção "Festa na Fazenda", orquestrada por Isabella Rovo e entoada pelas crianças do Ponto de Cultura de Pirenópolis.

Scanner_20190125 (4).png
DSC_0593.jpg
Festa na fazenda - Safia
00:0000:00

Autora: Safia

Arranjadora: Isabella Rovo

Festa na fazenda

Fui chamado pruma festa 

Fui certo pra não faltá

É uma festa muito boa

Até o dia clarear

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

Galo preto já cantou

Tá faltando o carijó

Esta festa é muito boa

Até netinho dança com a vó

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

O galinho já cantou

Já ta clareando o dia

Essa festa é muito boa

Até o pai dança com a fia

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

Já é hora do lanche

Que os galo já cantou

Esta festa é muito boa

Tem farofa e tem licô

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

O dia já raiou

Já é quase de madrugada

Essa festa é muito boa

Patrão dança com a empregada

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

O galinho ta cantando

Já bateu as suas asas

Dou um viva pro festeiro

E também pra dona da casa

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

Galinho já cantou

Tá faltando o garnizé

Uma festa é muito boa

Marido dança com a muié

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

O galinho já cantou

O dia ta amanhecendo

Esta festa é muito boa

Dança os grande e os pequeno

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

O dia já amanheceu

Pó pagá o lampião

A patroa é muito boa

Já dançou com seu peão

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

 

Agora nóis vai s’imbora

Que já tá acabando a festa

Senhor dono da casa

Faz outra no rastro dessa!

 

Nessa festa todo mundo ia

Festa boa, festa da Safia

Mãe dinossauro

Sou de Pirenópolis
Interior de Goiás
Pobre pra cachorro
Pra receber homenagem

Meu nome é Celestina
Apelido de Safia
Não esperava ter serventia

Fica na minha cabeça
Nunca me esqueça
Obrigada pela vitória
Não que eu mereça

Agora depois de velha 
Vocês se interessaram
Feia pra diabo
Feito a mãe dinossauro

Trem de ferro

Tô no trem de ferro que está rodando

De Minas Gerais pro estado goiâno

Tem muita embalagem não posso parar

De longe eu avisto já vem apitando

Que sou responsável que vai atravessando

 

Ô meu São Cristóvão, meu Santo Antônio

Me livra dos perigos e dos contrabandos

Levanto cedo com fé e coragem

Cuidar na vida e ver o que é que faz

 

Faço personagem com o pé na embreagem

Pra ser feliz com toda rodagem

Fui em Belo Horizonte, fui em Minas GeraisHoje estou nas ancas do meu chão Goiás

Briga de casal

Vi uma briga de raposas no meio do capim meloso

E um rancho perigoso na beira do padre Souza

Homem briga com a mulher, mulher briga com o esposo

 

Um gosta de café doce, outro gosta de café amargoso

Um é diabético e o outro é tuberculoso

Muito miserável e preguiçoso

Não faz uma horta, não planta uma couve

Não cria galinha, não come um ovo

Trinta anos de casado no civil e no religioso

Não tem um filho, é desgostoso

Moça rica

Numa Quinta-feira Santa

Há muitos anos atrás

Uma moça muito rica

Contraria o gosto dos pais

Toda festa que ela fica

Ela dançou com o Satanás

O sinhô disse à mocinha

Hoje o baile está mudado

Tamo no fim da quaresma

Sabe lá se isso é pecado

 

A mocinha respondeu

É o sinhô que está cismado

Jesus Cristo está no céu

E nós aqui dança largado

 

Quando o baile começou

Regulava as nove hora

Chegou um moço bem vestido

Arrastando um par de espora

Dando viva para o povo

E como vai minha senhora

 

Quero conhecer o festeiro porque estou chegando agora

Tocava mais a mazuca

E o cabra tava virando

Com o chapéu na cabeça

E a moça foi incomodando

O sinhô dança direito

Que mamãe num tá gostando

O senhor disse à mocinha

Agora eu vou m’imbora

Que minha hora já chegou

Eu preciso ir embora

Que o galo já cantou

Tirou o chapéu da cabeça

E os dois chifres ele mostrou

Parecia um touro velho

Daquele mais pegador

E o caboclo soltou um globo

E sumiu na explosão

E o povo da correlia

Ficou tudo na confusão

Ficou louca a moça rica

Filha do Major Simão

Poesia da bezerra

Matei uma bezerra

Com dois meses desmamada

Deu dois pares de buraco

Do couro mal espichado

A costela da bezerra deu duas pontes forradas

Deu as quatro vias com varão atravessado

O sebo e a manteiga fiz um punhado de vela

pra iluminar com uma delas

 

O fígado da bezerra eu fiz um sarapatel

Chamei duzentos homens cada um com duas mulheres

Da meia noite pro dia começaram a reliar

Derrubaram minha bacia e deixaram o prato derramar

Eu não faço mais churrasco por causa dessa brigaiada

Quebraram minha cabaça e roubaram minha rabada

Fui pro mato melar  

Passei a mão no meu machado que as abelhas da cabaça ficou tudo atrapalhada

Achei um lugar de fazer uma roça que é um lugar de muita fartura

Que eu quero plantar de tudo pra viver na fartura

Quero plantar cana pra fazer a rapadura

Um litro de arroz, um litro de feijão e uma medida de mamona entre meus algodões

Lá na minha roça é um farturão danado

Tem muita abobrinha verde, batatinha do outro lado

Plantei tomilho, plantei taioba

Minha avó ficou sem dente de tanto roer abóbora

 

Com todo o meu trabalho, com o meu procedimento

Trabalhei o ano inteiro e não achei um casamento

Fiz um mês de viagem, viajando noite e dia

Toda casa que eu chegava, era a noiva e suas fia

Com muito custo arrumei uma nega muito feia pra danar

Parecendo ouriço caixeiro  com briga de tamanduá

Ela come na panela lá em cima do fogão

E com os olhos arregalados, parecendo assombração

Ela tem a perna torta e a bunda arrebitada

O papo cheio de caroço, chega tá despencado

Seleção Brasileira

Ê dão dão

Esse mundo é muito bão

Primeiro a chuva, depois trovão

Eu gosto de futebol

E adoro a Seleção

Eu vi meu nome escrito

No jornal Bueno Galvão

Sou caboclo animado

Sadio do coração

O que fortalece o jogador

É rapadura e requeijão

Maleita

É terreno do sertão

nem dado não aceita,

a gente compra um sítio

fica alegre e satisfeita.

Espera boa colheita

pode dar bom mantimento.

Mas bem pouco aproveita.

Quando a febre vem

o caboclo deita

chama o curador

e dá a receita,

purgante de tal

purgante de azeita

toma surufato

não pode beber leite,

quando for daí um pouco

chama o curador

e dá a receita,

purgante de tal

purgante de azeita

toma surufato

não pode beber leite,

quando for daí um pouco

o caboclo purga preto

eu falo porque sei

porque passei

por este aperto

 

Quem sofreu maleita

não tem mais conserto

ainda que cura de um

o peito.

Poemas enCANTADOS

bottom of page